Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços.
Não cantaremos o ódio, porque este não existe.
Existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro.
O medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos...
O medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas.
Cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo.
E, sobre nossos túmulos, nascerão flores amarelas e medrosas.
Drummond.
Nenhum comentário:
Postar um comentário