31 de jan. de 2024

 Eu tenho muito ódio

De olhar pra fora e ver uma torre de casas

De ver essa gente toda empilhada

Um em cima de outro

Como peixes mortos organizados num congelador


Eu não vejo que caralhos de lógica tem nessa merda

Porque tem tanta gente num lugar só?

Porque tem tanta gente?

Não me parece nem um pouco natural


Não tem espaço que chega

Não tem verde que chega

Não tem nem céu que chega

Nem ar, nem água, nem amor


Eu me sinto um alienígena nesse lugar

Chorando pra uma lua ofuscada por um poste

Uma porra de um poste de energia elétrica com uma baita de uma luminária de led ridícula e luminosa

Uma pequena lua minguante

Que míngua como eu


Acho que pelo menos nisso, encontro paz

O mundo morre aos poucos, sem volta 

E eu também.

7 de jan. de 2024

É que eu não sei pedir ajuda

E isso dá a impressão

De que eu não preciso...


Mas por dentro

Eu tenho me sentido sozinha

Desapoiada


Enfrentando monstros invisíveis

Eu e minha espada de madeira

E essa lagoa constantemente borbulhando no meu peito


Tenho me sentido estranha

Deslocada

Desapoiada


E eu queria tanto que alguém notasse

Que me oferecesse ajuda

Porque eu não sei pedir...

1 de nov. de 2023

Tem chovido muito ultimamente

Lá fora e aqui dentro

E a minha casa tá cheia de goteiras


Tenho olhado com mais atenção ultimamente

Pra janela e pro piso

E vi a água e a sujeira por toda parte


Tenho falado bastante ultimamente

Pros outros e pra mim mesma

E vi que sozinha, não dou jeito de todos os buracos


Tenho sentido demais ultimamente

O vento refrescante e o sol escaldante

Mas vi que isso nem sempre é ruim


Tem chovido muito ultimamente

Lá fora e aqui dentro

Mas percebi plantas nascendo da sujeira e da goteira


E percebi que nem tudo está perdido

E que não estou sozinha

E que não sou fraca

E que a minha casa pode ficar inteira de novo

E ser bonita com as marcas que tem

Desde que eu continue olhando, falando, sentindo e chovendo ♥

20 de out. de 2023

A dor que eu sinto

É da ferida aberta

De ter puxado com toda força

A casca podre e cheia de pus

Que cobria o meu coração


Agora ele está ali

Exposto, aberto, vulnerável

Todo dolorido de ter aguentado

Por todo esse tempo

Sem ver o sol de verdade!


A dor que eu sinto

É de sentir demais

De sentir tudo que eu não sentia

De sentir com esse novo coração

Que eu não sabia que existia


Curá-lo será um caminho longo

Sei que será cheio de mais dores

De mais inseguranças e gritos

De lágrimas e de dúvidas


Mas é um caminho que eu sempre quis percorrer

Sem nem mesmo saber

Eu finalmente ME SINTO

E quero muito me cuidar

Pra continuar sempre me sentindo ♥


E eu sei que esse poema é meio bobinho

E nem sei se chega a ser um poema

Mas é cheio de verdade crua

É o início de um relacionamento


Ainda confuso, borboleteio

Mas aventuroso e promissor

É o relacionamento de mim

Com o coração que eu não sabia que tinha


Bem-vindo, princeso

Esse é o mundo, e ele é nosso ♥

Espero criar muito com você!

Expressar muito

Dançar muito

Chorar muito


(é que descobri que chorar é bom)



15 de out. de 2023

 Acho um inferno pessoal isso de que, se eu chego a ter que reclamar de algo, meu corpo se recusa a aceitar uma reparação ou simplesmente aquilo do que eu reclamei.

19 de set. de 2023

Bicho do Mato

See this skin of mine
Is made of sun, and leaves, and trees
And if you look really close, you’ll see
There is rot, and bugs and seeds

Hear the silent steps

Watch them grow, and feed, and run

And see the blood, the birth, and the love

Maybe then you will learn


Where is this? Where am I?

Where is this? That’s not mine!


Please, put me back

In the body I belong

I’m a finger lost

Where’s my leaves? And where’s my bones?

Please, put me back

In the forest I belong

I’m a finger lost

Where’s my leaves? And where’s my bones?

Please, put me back

Whooooooah

Oh, put me back!

Where’s my leaves? And where’s my bones?


Look into my mouth

You’ll see the sky, the moon, the clouds

And if I decide to make it rain

Will you drown? And who’s to blame?


Where is this? Where am I?

Where is this? That’s not mine!


Please, put me back

In the body I belong

I’m a finger lost

Where’s my leaves? And where’s my bones?

Please, put me back

In the forest I belong

I’m a finger lost

Where’s my leaves? And where’s my bones?

Please, put me back

Whooooooah

Oh, put me back!

Where’s my leaves? And where’s my bones?


Like a beast, like a bird

Like a seed and like a tree

See, we are together since we’re born

And when I die, she’s what I’ll see


Please, put me back

In the body I belong

I’m a finger lost

Where’s my leaves? And where’s my bones?

Please, put me back

In the forest I belong

I’m a finger lost

Where’s my leaves? And where’s my bones?

Please, put me back

Whooooooah

Oh, put me back!

Where’s my leaves? And where’s my bones?