31 de jan. de 2024

 Eu tenho muito ódio

De olhar pra fora e ver uma torre de casas

De ver essa gente toda empilhada

Um em cima de outro

Como peixes mortos organizados num congelador


Eu não vejo que caralhos de lógica tem nessa merda

Porque tem tanta gente num lugar só?

Porque tem tanta gente?

Não me parece nem um pouco natural


Não tem espaço que chega

Não tem verde que chega

Não tem nem céu que chega

Nem ar, nem água, nem amor


Eu me sinto um alienígena nesse lugar

Chorando pra uma lua ofuscada por um poste

Uma porra de um poste de energia elétrica com uma baita de uma luminária de led ridícula e luminosa

Uma pequena lua minguante

Que míngua como eu


Acho que pelo menos nisso, encontro paz

O mundo morre aos poucos, sem volta 

E eu também.

7 de jan. de 2024

É que eu não sei pedir ajuda

E isso dá a impressão

De que eu não preciso...


Mas por dentro

Eu tenho me sentido sozinha

Desapoiada


Enfrentando monstros invisíveis

Eu e minha espada de madeira

E essa lagoa constantemente borbulhando no meu peito


Tenho me sentido estranha

Deslocada

Desapoiada


E eu queria tanto que alguém notasse

Que me oferecesse ajuda

Porque eu não sei pedir...