19 de ago. de 2022

 Eu não sou doida

Eu não estou alucinando

Eu não posso ter estado errada por tanto tempo assim

Eu juro que eu me esforço pra acreditar, pra dar a cara a tapa, eu juro que eu to tentando achar que eu que tô doida, alucinando e errada por todo esse tempo, eu juro.

Mas eu também juro que tenho limite. Minha compreensão tem limites. Meu amor tem limites. Minha cara de idiota tem limites.

E eu não sou doida.

 Eu não aguento mais esse peso... Essa pedra gigante alojada no meio do meu peito, fazendo uma força horizontal (alô gravidade?) e abrindo um valo bem entre os meus pulmões.


Eu não aguento mais essa dualidade de ser vilã e ser vítima, de tentar ajudar e no entanto, terminar o dia com sangue nas mãos.


Eu não aguento mais essa passivo-agressividade, esse tom de piada no meio de uma chicotada onde a mão que açoita ficou escondida na escuridão.


Eu não aguento mais me arrastar e sangrar e tentar ajudar e sentir que o ar que eu respiro é grosso e tóxico e derrete a minha pele.


Eu não aguento mais amar desse jeito. Porque dói, e tudo o que eu faço faz doer mais, tudo o que eu faço é errado e dói no outro também.

 

E por mais que eu esteja tentando fazer curativos e andar em linha reta, eu só posso fazer isso por mim. E o outro só pode fazer por ele mesmo. Mas a conta não ta fechando. E a culpa não vai embora.


Eu não aguento mais.