26 de nov. de 2014

História de um pequenino grão de poeira ousado

Em uma imensidão negra e pontilhada por finíssimas cutucadas brilhantes, havia um pequeno grão de poeira, provavelmente nada diferente dos outros, mas ainda assim, essa história trata-se dele. Para não confundi-lo com os outros, o imaginemos mais longe, e por algum motivo se movendo mais rapidamente.
Ele se sentia sozinho, e algo o dizia que aqueles pequeninos pontos brilhantes eram interessantes. Então, seguiu naquela mesma direção, até que, sem freios, acabou batendo em um outro grãozinho de poeira! Então os dois deram as mãos, e giraram juntos! Ah, e que sensação! Nosso pequeno grãozinho de poeira solitário teve certeza, naquele momento, de que não queria estar sozinho nunca mais!
E acontece que as coisas, de acordo com as leis da física, atraem umas às outras em proporcionalidade à seu tamanho e densidade... E assim, como entre todos aqueles grãozinhos de poeira sozinhos haviam apenas eles que estavam unidos, acabaram atraindo muitos outros pra eles! E sua dança louca de girar de mãos dadas logo possuía muitos e muitos participantes! E quanto mais grãozinhos entravam, mais eles atraíam para a brincadeira! Logo, estavam a uma velocidade tão alta, tão freneticamente loucos e felizes de girarem como nunca haviam girado antes, que dois deles se chocaram, e se transformaram em outra coisa! Na batida, geraram também uma luz que hipnotizou a todos! Dá pra imaginar na felicidade e susto, ao mesmo tempo, dos dois? Se transformaram em algo que nunca foram, algo mais pesado e mais quente, e mais brilhante! Todos olharam, assustados, para aquela transformação maravilhosa, enquanto continuavam sem freios à toda velocidade. Era como ver um menino se tornar um homem! E não foram os únicos: logo vários outros grãozinhos se chocaram uns contra os outros, ali no centro, onde a velocidade era maior, e logo, batendo de novo, e se transformando em outra coisa ainda mais diferente e pesada! E o ciclo se repetiu, milhões e milhões de vezes! Era uma dança louca de calor e luz! Enquanto mais grãozinhos iam chegando e se amontoando do lado externo, querendo saber da baderna ali de dentro,  no interior ficava cada vez mais luminoso e mais quente! Até que nem os de fora já eram mais apenas grãozinhos de areia: eles também era mais pesados, e brilhavam!
Depois de passados alguns milhares de anos, essa brincadeira tinha virado coisa séria! Aquele amontoado de grãozinhos de areia estava gigantesco, e já havia atraído tudo ao seu alcance! Dessa forma, agora todos juntos eram chamados de A Estrela! Que nome bonito, não? Bonito, e atrai muita responsabilidade! Agora eles eram grãos crescidos de poeira cósmica, eram uma estrela, gigante, linda, brilhante e maravilhosa! E sua frenética dança continuava!

(continua.)

Apenas deixe ser. E o que não é pra ser, lamente, mas deixe não ser.

10 de nov. de 2014

Voar, e voar, e voar! Asas permanentes *-*

E então um certo dia eu aprendi a voar, e caí. Mas continuei aprendendo, de vários jeitos, com vários professores, a várias alturas... Mas sempre havia aquele medinho, aquela coisa boba de "olha que alto, e se eu cair?" Andei até mesmo me conformando de ser assim, me ajustando à uma vida onde os melhores vôos sempre teriam os piores tombos. Pode parecer bobo, mas isso não tinha tirado a magia que pra mim havia em voar. Eu voaria, mais mil vezes se me deixassem, mesmo sabendo que iria cair. De cicatrizes eu me enchi, e não sei mais se há espaços vazios... Sinceramente, nunca paro pra contar.

Onde quero realmente chegar é nesse novo vôo que estou experimentando. Não é como se eu estivesse subindo devagar, vendo o quão alto está ficando, tendo tempo de ter medo. Foi uma subida brusca, e impressionantemente rápida! Quando vi, já estava passando por entre as nuvens, sentindo-as leves e suaves roçando minha pele, a umidificando... Quando vi, havia uma mão na minha, segurando tão forte quanto se pode segurar sem machucar, e com um beijo suave, fez meus pés tatuados serem alados de verdade! 

Ah, verdade, esqueci de falar sobre a parte do tombo: não o vejo, não o sinto, mal lembro de como é cair. Antes, a sombra dele me seguia, em cada esquina escrevendo em letras de fumaça "Cuidado!", mas agora não consigo mais ver nada, e olha que eu insisto em procurar! 

Acho que eu ganhei asas permanentes, dessas que não falham, dessas que são fortes como o próprio osso, que têm penas impermeáveis e possuem envergadura maior do que a minha própria altura! Acho mesmo que eu aprendi a voar, e já deixo dito: que meu professor nunca mais se livrará de mim, pois minhas asas fortes também são rápidas, fofas e aconchegantes, e ninguém sai de perto do que é fofo e aconchegante! :3