23 de set. de 2014

Um punhado de mundos

Uma jovem, de cabelos rubros.
Capaz de abrir barreiras, atravessar mundos.
Saltita nesse, rodopia naquele.
Olhos famintos, devorando detalhes.
Criando metáforas, montando analogias.
Imaginando melhorias, mesclando tudo.
Curte a brisa, sente o gosto do ar.
Toca em tudo, sentir na pele é o que há.
Seus cabelos esvoaçaram, pelo meu recanto destruído.
Olhar preocupado, encontrou-me parado.
Sentado, olhando tudo caindo aos pedaços.
Agachada sobre seus joelhos, olhou-me firme.
Olhos que falavam, olhos espelhados.
Olhos felizes, sobre sobrancelhas cansadas.
Olhos experientes, sobre pálpebras pesadas.
Quando os fechou, de relance eu vi.
Tinha o corpo de uma deusa, esbelta como tal.
De pé, uma pose intimidadora.
Suas palavras eram ordens, imperadora do mal.
Mas não, de fato não foi isso que vi.
Havia, sobre todas as outras coisas.
Havia sim, uma criança ali.
Que cruzou planos, que cheirou flores.
Que subiu montanhas, e beijou o vento.
Que encontrou joias, e guardou no bolso.
Que desvendou o mundo, com seu próprio esforço.
Uma criança, que não poderia ser mais.
Negada, pela própria necessidade.
Os mundos de outras pessoas, ela quis entrar.
Algumas exigiram um preço, tolo e egoísta.
O preço fez essa menina, ser a mulher que é.
Mas, será isso que ela quer?
Olhei em sua procura, e fácil era de acha-la em meu mundo.
Tentando segurar os pedaços, que insistiam em cair.
De lembranças boas, que pairavam por ali.
Olhava-me com tristeza, sob os destroços.
Não era hora de eu sentar ali, somente olhando.
Levantar-me-ei por ela, os custos do mundo arrancarei.
Dúvida, que antes enchia meu coração.
Dúvida, que tomava-me de medo.
Dúvida, que impedia-me de agir.
Dúvida, uma inimiga sem forma.
Rasgada em partes foi, por aquele olhar.
Aquela Deusa, contou-me de suas passagens.
Falou, dos mundos que caminhou.
Falou, onde havia ganhado suas cicatrizes.
Falou, os preços que pagou.
Era algo, que não precisava mais existir.
Queria ser livre, sem se preocupar.
Como uma criança, tentando ser feliz.
Por que não, insisti.
Estendendo as mãos, limpei o mundo.
Varri para longe, aquelas cenas tristes.
Mostrei para ela, o que havia aqui.
Hesitante foi, no começo.
Os olhos famintos, começaram a voltar.
E meu mundo, trataram de devorar.
Olhava para mim, para ver se ia a parar.
-Vá em frente, faça o que desejar.
Saltitando finalmente, recomeçou.
Largando suas armaduras, voou.
Sorriso sincero, me devotou.

Estendendo sua mão, me apaixonou.

- The Poeta (meu <3)

Nenhum comentário:

Postar um comentário