27 de ago. de 2012

Atena, sua linda!

E hoje, especial sobre a Deusa mais "mulherão poderosa" do Olimpo: Atena!

Métis, a reflexão personificada, fora a primeira esposa de Zeus. Foi ela que deu ao velho Crono uma beberagem para obrigá-lo a devolver os jovens deuses que ele havia engolido. Estando grávida, predisse a Zeus que teria em primeiro lugar uma filha e, em seguida, um filho que se tornaria senhor do céu. O rei dos deuses, espantado com tal profecia, engoliu Métis.

Algum tempo depois, foi acometido de violentíssima dor de cabeça e rogou a Hefesto que lhe fendesse a cabeça com o machado.

Mal recebeu o golpe de machado de Hefesto, saiu-lhe do cérebro, armada de todas as suas peças, a filha Atena, nova encarnação da sabedoria divina.

Tão logo saiu da cabeça do pai, soltou um grito de guerra e se engajou ao lado do mesmo na luta contra os Gigantes, matando a Palas e Encélado. O primeiro foi por ela escorchado e da pele do mesmo foi feita uma couraça; quanto ao segundo, a deusa o esmagou, lançado-lhe em cima a ilha da Sicília.

O Nascimento de Atena (pintura em vaso antigo)
Preterida por Páris no célebre concurso de beleza no monte Ida, pôs-se inteira, na Guerra de Tróia, ao lado dos aqueus, entre os quais seus favoritos foram Aquiles, Diomedes e Ulisses. Na Odisséia, diga-se de passagem, a deusa augusta se transformará na bússola do nóstos, do retorno de Ulisses a Ítaca, e, quando o herói finalmente chegou à pátria, Palas Atena esteve a seu lado até o massacre total dos pretendentes e a decretação de paz, por inspiração sua, no seio das famílias da ilha de Ítaca. Sua valentia e coragem comparam-se às de Ares, mas a filha de Zeus detestava a sede de sangue e a volúpia de carnificina de seu irmão, ao qual, aliás, enfrentou vitoriosamente.

Sua bravura, como a de Ulisses, é calma e refletida: Atena é, antes de tudo, a guardiã das Acrópoles das cidades, onde lá reina e cujo espaço físico defende, merecendo ser chamada Polías, a "Protetora", como ilustra o mito do Paládio. É sobretudo por essa proteção que é ainda cognominada Nike, a vitoriosa.

Deusa guerreira, na medida em que defende "suas Acrópoles", deusa da fertilidade do solo, enquanto Grande Mãe, Atena é antes do mais a deusa da inteligência, da razão, do equilíbrio apolíneo, do espírito criativo e, como tal, preside às artes, à literatura e à filosofia de modo particular, à música e a toda e qualquer atividade do espírito. Deusa da paz, é a boa conselheira do povo e de seus dirigentes e, como Têmis, é a garante da justiça, tendo-lhe sido mesmo atribuída a instituição do Areópago. Mentora do Estado, ela é também no domínio das atividades práticas a guia das artes e da vida especulativa. E é como deusa dessas atividades, com o título de (Ergáne), "Obreira", que ela preside aos trabalhos femininos da fiação, tecelagem e bordado. E foi precisamente a arte da tecelagem e do bordado que pôs a perder uma vaidosa rival de Atena. Filha de Ídmon, um rico tintureiro de Cólofon, Aracne era uma bela jovem da Lídia, onde o pai exercia sua profissão.

Ainda como (Ergáne), "Obreira", a grande deusa presidia aos trabalhos das mulheres na confecção de suas próprias indumentária, pois que ela própria dera o exemplo, tecendo sua túnica flexível e bordada. E na festa das (Khaikeia), festas dos "trabalhadores em metais", duas ou quatro meninas, denominadas Arréforas, com auxílio das "Obreiras" de Atena, iniciavam a confecção do peplo sagrado, que, nove meses depois, nas Panatenéias, deveria cobrir a estátua da deusa, substituindo o do ano anterior.

Associada ainda a Hefesto e Prometeu, no Ceramico de Atenas, ainda por ocasião das (Khalkeia), era invocada como a protetora dos artesãos. Foi seu espírito inventivo que criou o carro de guerra e a quadriga, bem como a construção do navio Argo, em que velejaram os heróis em busca do Velocino de Ouro.

Seu nascimento foi como um jorro de luz sobre o cosmo, aurora de um mundo novo, atmosfera luminosa, semelhante à hierofania de uma divindade emergindo de uma montanha sagrada. Sua aparição marca um transtorno ha história do mundo e da humanidade. Uma chuva de neve de ouro caiu sobre Atenas, quando de seu nascimento: neve e ouro, pureza e riqueza, tombando do céu com a dupla função de fecundar, como a chuva, e de iluminar, como o sol. E é, por isso mesmo, que em certas festas de Atena se ofereciam bolos em forma de serpente e de falo, símbolos da fertilidade e da fecundidade.

Deusa da fecundidade, deusa da vitória e deusa da sabedoria, Atena simboliza mais que tudo a criação psíquica, a síntese por reflexão, a inteligência socializada.

A coruja em grego (glaúks), etimologicamente, "brilhante, cintilante", porque enxerga nas trevas; em latim noctua, "ave da noite", era, como se viu, consagrada a Atena. Ave noturna, relacionada, pois, com a lua, a coruja não suporta a luz do sol, opondo-se desse modo, à águia, que a recebe de olhos abertos. Deduz-se, daí que o mocho, em relação a Atena, é o símbolo do conhecimento racional com a percepção da luz lunar por reflexo, opondo-se, destarte, ao conhecimento intuitivo com a percepção direta da luz solar. Explica-se talvez, assim, o fato de ser a coruja um atributo tradicional dos mânteis, dos adivinhos, simbolizando-lhes o dom da clarividência, mas através de sinais que os mesmos interpretam. Noctua, ave das trevas, ctônia portanto, a coruja é uma excelente conhecedora dos segredos da noite. Enquanto os homens dormem, ela fica de olhos abertos, bebendo os raios da lua, sua inspiradora. Vigiando os cemitérios ou atenta aos cochichos da noite, essa núncia das trevas sabe tudo o que se passa, tendo-se tornado em muitas culturas uma poderosa auxiliar da mantéia, da mântica, da arte de adivinhar. Daí a tradição segundo a qual quem come carne de coruja participa de seus poderes divinatórios, de seus dons de previsão e presciência.


"A partir do dia, diz Ottfried Muller, em que Fídias terminou de desenhar o caráter ideal de Atena-atena, uma fisionomia cheia de calma, uma força que tem consciência de si própria, um espírito claro e lúcido, passaram a ser para sempre os principais traços do caráter de Palas. A sua virgindade a coloca acima de todas as fraquezas humanas; ela é demasiadamente viril para se entregar a um homem. A testa muito pura, o nariz longo e fino, a linha um pouco dura da boca e das faces, o queixo largo e quase quadrado, os olhos pouco abertos e quase constantemente voltados para a terra, a cabeleira atirada, sem arte, para cada lado da testa e ondulada sobre a nuca, traços nos quais transparece a rudeza primitiva, correspondem perfeitamente a tão maravilhosa criação ideal."

Atena: guerreira, independente, forte! Qualidades que eu muito prezo, e que fazem dela minha Deusa favorita entre todas! Amanhã, sai mais algum especial! ;)

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